sábado, 24 de maio de 2008

Contos...3º ensaio

Diferentes e iguais
(saudade de um filho apaixonado)
Prof.º Anderson José Moura de Campos
Ambos eram maravilhosos, enigmáticos e alegres.
Leonço, Pai digno, homem vivido, trabalhador, honesto. Rezava para passar o resto de seus dias em paz consigo e os seus.
Arlei, filho abnegado, homem prático, surrado pela vida, boêmio nos bons tempos, responsável depois do casamento e dos filhos.
Leonço, seguro, sonhava com um futuro bom. Dias melhores. Dias de alegria para seus filhos e netos. Acreditava que o dia da bonança chegaria para todos.
Arlei convivia com um presente angustioso. Seus sonhos e projetos nem sempre se concretizavam. Mudanças sempre a caminho. Improvisos sempre presentes.
Leonço, no canto de sua casa, procurando um sol que o aconchegasse, pitava seu palheiro, fugia para sua cachaça rotineira, sorria para todos e esperava o tempo passar cuidando de sua horta.
Arlei, no centro de seu trabalho, procurava ser o mais produtivo possível. Fumava sempre que possível. A cachaça já não era mais possível. Não tinha mais o seu controle, não a procurava mais. Cuidava de seus afazeres como poucos, muita dedicação para pouca remuneração.
Leonço foi-se em uma noite de inverno, sereno, moreno, tranqüilo. Dever cumprido. Homem amado.
Arlei foi-se em um dia de verão, sereno, com a sensação de que poderia ter vivido mais, amado mais. Ter curtido mais a vida, netos, filhos, festas...enfim.
Maldita doença.
Ambos foram-se deixando muita saudade. Pai e filho. Inesquecíveis, amados e saudosos.
De tudo uma certeza, a saudade da distância é a certeza do amor que nos uniu um dia e nos une para sempre.

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