segunda-feira, 2 de junho de 2008


O NADA


Prof.º Anderson de Campos


Acabara de se formar, a área você escolhe. Como tantos, queria especializar-se, ser mestre, quem sabe um doutor? PHD? Antes disso, queria um norte, um tema para pesquisar e preparar-se melhor. Afinal um tema pré-elaborado lhe garantiria o sucesso. Foi o que lhe falaram durante todo o tempo de universidade.
Sonhava com isso.
Pôs-se a procurar e qual a sua surpresa? Só restou um belo e sonoro nada. Nada vezes nada. Nada sobrou, escreveram sobre tudo.
Pensou, pensou e pensou. Uma idéia.
Se nada lhe sobrara, resolveu escrever sobre o NADA e editou livro com 294 páginas, número que achou o ideal; nada tinha, estava todo em branco e, acreditem, estava até prefaciado por ninguém.
Primeiro um susto. Muitos mestres e doutores nem deram bola, Por que?
Surpresa!
O povo consumia esta obra literária.
Finalmente alguém escrevia a linguagem do povo; o povo captava suas idéias e as aceitava. Afinal, o nada era só o que lhes restava.
Enfim, os grandes senhores da Educação assustaram-se.
Doutores – segundo escalão do poder – sentados com suas bundas gordas em cadeiras ficaram pasmos.
O que pensar?
Políticos, esses ficaram horrorizados – Como não pensamos nisso antes? Poderíamos usar em causa própria, perpetuar o poder.
O livro continuava a vender e o povo, finalmente a questionar.
Todas as formas de poder reuniram-se e decidiram “convocar” o pobre professor culto para uma “reunião”. O medo era que surgisse um autoditada, um novo líder; líder com a linguagem do povo, coisa rara em nosso País.
Dúvidas? Onde ficariam tantas teorias sem prática, tantos livros sem nexo, nossas teorias de cultura inútil.
Sem dúvida, nosso poder com repressão esta abalado. Reunidos em um grande auditório, lotado, aguardavam ansiosos.
Entrou o pobre professor culto. Sentou-se. Olhou pasmo para tanta intelectualidade reunida. O maior intelectual da turma – escolhido previamente – agradeceu a sua presença e pediu que falasse sobre suas “intenções” com o livro que lançara.
O pobre professor culto falou:
“Senhores, estou diante de tanta cultura inútil, teorias sem práxis, livros, cargos, poder. Enfim, tudo já foi dito e feito, sem efeito. Nada disso chegou ao povo, pobre em cultura e educação. Talvez o nada resgate o dignidade humana perdida há tanto tempo. Do nada poderemos começar tudo de novo e de outra forma.
O que nos restou? O que os Cegou? O que realmente lhes intere$$a?

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